“OS RIOS DA MINHA INFÂNCIA”
Gilberto A. Saavedra - Rio de Janeiro
FICO AQUI ESQUECIDO HORAS E HORAS
COM O OLHAR FIXO NO HORIZONTE
RECORDANDO E ADMIRANDO
OS RIOS DE MINHA INFÂNCIA.
MAJESTOSOS AOS DESLIZAREM EM SUAS CABECEIRAS
EM SEUS LEITOS ADORMECIDOS E PROFUNDOS
BANZEIROS TRAIÇOEIROS E TEMIDOS, TENDO EM SUAS
FIRMES MARGENS A EXUBERÂNCIA DAS COLOSSAIS PRAIAS.
BELOS EM SUAS GRANDEZAS
CAUDALOSOS, LÍMPIDOS E SAUDÁVEIS
NAVEGAVEIS E SERENOS
PODEROSOS COMO OS DEUSES.
ÁGUAS CORRENTES DA ESPERANÇA
BARRANCOS, TESTEMUNHAS DOS TEMPOS
ÊXODOS DOS QUE PRECISAM DE VÓS
PARA UM AMANHÃ ABENÇOADO.
BENEVOLENTES;
MEUS RIOS, DE TUAS RIQUEZAS
SAEM O SUSTENTO DO HOMEM.
PISO FUNDO EM TUAS ÁGUAS
EM MAIS UM DIA DE PESCA.
ABUNDÂNCIA,
MILAGRES EM FARTURA
BARRIGA CHEIA
NOS RIOS DE MINHA INFÃNCIA.
VEJO QUE NÃO VOS OLHAM
MAIS COM ADMIRAÇÃO
COMO ANTIGAMENTE!
FIZERAM ISSO CONVOSCO?
O QUÊ?
ONDE ESTÁ VOSSA FORÇA, EM TUAS ÁGUAS?
DE VOSSOS BANZEIROS TRAIÇOEIROS E TEMIDOS
DE VOSSAS SAUDÁVEIS, FECUNDAS E BENDITAS ÁGUAS;
ERAM GRANDIOSOS COMO OS DEUSES...
CADÊ OS SEUS SÓLIDOS E SECULARES BARRANCOS?
DAS ÁRVORES EM SUAS VOLTAS, DA SUSTENTABILIDADE.
AS FLORAS DA VIDA!
SUMIRAM OS PEIXES?
NÃO VOS ABANDONEIS
POR QUÊ?
MORTE LENTA, ESQUECIDA E DOLORIDA
NUM CRUEL E TRISTE FIM.
“DESEMBOCADURA DO SUSTENTO” - Poema
Autor Gilberto Saavedra
Oh, meu rio Tarauacá!
Afluente benevolente;
Que aduz nossa gente;
Nas águas e no tempo.
Estrada natural do homem.
Desaguando-a na Foz, pasmem!
Numa correnteza de lutas árduas;
Dos encontros das águas.
Obrigado meu rio!
Sem tua existência na planície calma;
Ficaria só no pensamento e na alma;
A beleza de tua admirável formosura;
Dos que precisam de ti na travessura.
Felizmente, tu existes!
É um milagre da mãe natureza;
Que faz de ti:
O sustento da vida com nobreza.
(autor Gilberto A. Saavedra)
MINHAS RECORDAÇÕES DO RIO TARAUACÁ.
Homenagem feita na razão do meu coração.
Lembranças deletáveis de um sonho que não faz mal a ninguém.
Residi ainda criança com os meus pais nessa apreciada região, na qual, duas de minhas irmãs nasceram.
MINHAS LEMBRANÇAS DO RIO TARAUACÁ
(Gilberto Saavedra)
Um olhar extasiado
Num fascinante mundaréu desconhecido
Das lembranças estremecidas
De uma inocência colorida.
Viajei e fantasiei num retorno ao passado
Adentrei ao fundo de minha alma abençoada
E comecei a sonhar no fecundo flúmen
Ah!
Se eu pudesse agora como neste sonho
Flutuando em tuas caudalosas águas
Correndo em suas praias como no tempo de criança
Para sentir em meus pés sua força tempestuosa
Que eu desemboquei
Das correntes inquietas no meu traço infantil
Nos fortes banzeiros das águas hostis
Que batia e quebrava
Nas ourelas do rio.
Rio Tarauacá!
Das inexploradas e primorosas
Paragens adormecidas
No infindável chão úmido de um verde florestal.
Rio Tarauacá!
Dos imensos barrancos caídos
Num pardo avermelhado
Deixando o líquido barrento
Em toda ribanceira.
Rio Tarauacá!
Dos tormentos dos desbravadores
Palco de tantos massacres e selvagerias
De comandantes e heróis anônimos
Que você testemunhou
E com suas lágrimas derramadas
Todo o rio chorou.
Rio Tarauacá!
Vale das terras indígenas
Dos bravos ‘guerreiros’
Das águas da vida
Do Envira, Jordão ao Muru.
Rio Tarauacá de ‘Felizardo Cerqueira’
No longínquo Jordão
O catequizador de índios
Com glória e devoção
Amansava ou expulsava
Na bala ou no facão.
Do legendário e cruel ‘Pedro Biló'
No alto Tarauacá
Dizem que é acreano, mas pode ser do Ceará
Homem de preces poderosas
De corpo fechado com o rifle de papo amarelo;
Dizimou os silvícolas
Grande ‘matador de índios’
Dos valentes ‘Kaxinawá (s). (Mataram a mãe de P. Biló).
Índios Papavó (sem 's'), ‘canibais indomáveis’
É como se fosse uma lenda
Para ninguém acreditar
Impiedosamente massacrados
Nas sanguinárias correrias.
Rio Tarauacá!
Paraíso das praias estonteantes
Que renascem nas baixas do rio
Num solo cristalino e prolífero
Originando o berço da vida.
Rio Tarauacá!
Das desovas das tartarugas e dos tracajás (Cágados)
Da iguaria indígena
De massa visguenta
O saboroso Mujangué (ou arabu)
Que saciava a fome
Do caboclo seringueiro.
Rio Tarauacá
Do valoroso ribeirinho
Másculo de brio que não dá por vencido
No barco ou na canoa circula com seu ganha pão
Cultivado na roça só Deus sabe a razão:
Num vai e vem incessante
Nas cabeceiras dos ‘Rios’
O rígido pilar da vida
Na gigantesca região. (Hileia equatorial)
(Gilberto Saavedra – 13/05/2018)
Publicado no blog "Alma Acreana" de Isaac Melo.
TARAUACÁ - ACRE
SAUDADE DESSA BRAVA GENTE!
(Gilberto A. Saavedra)
Ao olhar...
Essas imagens inacreditáveis
Em pleno século XXI...
Minha emoção
Foi mais forte
Do que o meu velho coração.
Navegante, proeiro ou condutor anônimo
Que não para num lugar
Leva e traz riqueza sem si identificar.
A busca por novos horizontes
Faz dessa brava gente
Heróis de Tarauacá.
(Autor Gilberto Saavedra)
Proeiro
Substantivo masculino
1.1
MARINHA (TERMO DE) NÁUTICA
Marinheiro de proa de embarcação miúda e que trabalha com o choque.
2. 2.
Remador da proa de embarcação miúda.




Nenhum comentário:
Postar um comentário