ROSALINA, MEU BEM-QUERER.
(Gilberto A. Saavedra)
Esta é a história de um
bárbaro crime, que aconteceu em Rio Branco, capital do Acre, em meados da
década de 40 (1943), o assassinato da Professora Rosalina Sousa da Silveira.
A cidade ainda era bem pequena
e pacata nessa época, e esse trágico acontecimento chocou toda a sociedade
rio-branquense.
A professora Rosalina, como
de costume, saia de casa pela manhã durante a semana, para ministrar aulas num
antigo grupo escolar.
Era uma moça muito
educada de apenas 20 anos de idade, que desfrutava de um sorriso encantador,
contagiante, o qual por sua alegria tinha o poder de provocar reações idênticas
em outras pessoas, ganhando simpatia de todos os transeuntes.
Morava bem pertinho de
um presídio no centro da cidade, no qual os presidiários pela manhã tomavam um
banho de sol, diariamente.
O muro do presídio não
era de tijolos, apenas uma cerca de arames. Por esse motivo os presos podiam
ver o movimento das pessoas lá fora.
Entre os detentos, um de
nome Lázaro, se apaixonou pela professorinha Rosalina - e todos os dias,
naquele mesmo horário de banho de sol, ele estava lá para ver o seu amor
passar.
Lázaro já não aguentando
mais essa paixão desenfreada, conta a um amigo que sempre o visitava esse seu
amor pela professora.
Pede ao amigo, que era
um jornalista de nome Praxedes, para que escrevesse uma carta à professora,
pois ele era analfabeto.
O jornalista se segurou
um pouco, mas acabou cedendo o pedido de Lázaro. Fez várias cartas destinadas a
ela, porém não entregava e, ao mesmo tempo, escrevia outras e lia para o preso,
como se fosse a Rosalina que estava respondendo.
Passado um tempo,
Rosalina arranja um namorado, um piloto de aviação, que lhe propôs o pedido de casamento.
Quando o jornalista
tomou conhecimento da notícia, que Rosalina ia se casar, se desesperou e tratou
logo de escrever mais uma falsa carta ao Lázaro;
Na missiva, Rosalina
explicava ao preso, que tinha surgido um novo amor em sua vida e que essa era a
última carta para ele. Tudo tinha terminado.
Lázaro ficou
transtornado, cheio de ódio; disse que não poderia viver sem ela. Por causa desse motivo iria acabar com a vida
dela.
Pouquíssimo tempo depois
os presos foram aparar o capim da via pública, na dita rua onde morava a
Rosalina.
Entre os presos estava o
Lázaro, ainda rancoroso. Naquele exato momento Rosalina saia de casa com
destino ao trabalho. Ao vê-la, partiu em sua direção com o afiado terçado na
mão. Rosalina notou aquele homem vindo muito rápido em sua direção. Quando ele
se aproximou, ela quis dizer algo, mas não conseguiu.
Lázaro levantou o braço
com o terçado e violentamente o cravou bem no coração da professorinha que caiu
ao chão já completamente morta.
A história é verídica;
foi publicada na imprensa local.
Quanto ao destino do
presidiário Lázaro e do jornalista Praxedes, há muitas versões que foram
amplamente divulgadas e outras que ficaram perdidas na memória da sociedade.
Que o Jornalista
Praxedes deixou o estado;
Que o presidiário se
matou logo após o crime, ou
que cumpriu a condenação
e foi embora do Acre. Ele era autor também de outro crime e por isso estava
cumprindo pena no presídio;
Que a família da
professora, também tenha deixado o estado acreano.
(Publicado por Gilberto
A. Saavedra) _
